sábado, 2 de outubro de 2010

O preço a pagar pela atenção


Era uma vez um menino meio distraído, super agitado, muitas vezes descontrolado e impulsivo. Sua mãe era psiquiatra, e por muitos anos não viu, ou não quis ver, que seu filho tinha um problema que leva o nome deste blog. Esse menino, aos 12 anos, foi para sua primeira consulta com um psiquiatra, que depois de horas de conversa e análise, o diagnosticou com TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade).

Como era impossível tomar comprimidos o dia todo, foi receitado um remédio de longa duração. Era um de manhã e pemba: durante o dia todo concentração garantida, foco e auto-controle. Mas para obter sucesso em tudo isso, é necessário, além de tomar o medicamente, ter força de vontade, principalmente para aguentar os efeitos colaterais de tais drogas.

Utilizando o princípio ativo do Metilfenidato, as drogas contra o DDA a grosso modo, suprimem os neuro-transmissores de prazer. Durante a adolescência, quando se mais usa esses neuro-transmissores e substâncias, é muito importante criar um leque grande de amizades, e o sobretudo, cultivá-las. É importante sair de casa, ir para festas, e principalmente, namorar/paquerar e fazer tudo aquilo que se vê por aí.

Quando essa necessidade é combinada com um remédio que te faz ficar concentrado, menos disposto a grandes atividades e com as emoções suprimidas, o resultado é catastrófico. Durante muito tempo, quando tomei o remédio, fiquei sem rir, sorrir, sem querer fazer muita coisa fora de casa, e desanimado. Nada parecido com depressão, mas realmente dificulta as relações. Esse vídeo demonstra um pouco a respeito desse sentimento.

Outro fato a ser contado ao decidir tomar ou não qualquer tipo de medicamento é o apetite. Tomando o Concerta (que faz efeito o dia todo) eu simplesmente NÃO tenho apetite algum. Só de olhar para a comida já tenho repulsão. Ir a um restaurante ficou completamente impossível sob o efeito de drogas.

Ao meu ver, a criatividade também é afetada com o uso do medicamento. Sem ele, eu tenho diversas epifanias durante o dia, consigo escrever posts sobre diversos assuntos para blogs meus. Sim, fico aéreo e cada nova atualização na minha timeline do Twitter eu tenho que parar, ler, responder, e meia hora depois, volto a escrever.

Atualmente apenas tomo um comprimido de Ritalina para fazer provas. O meu rendimento nas aulas caiu? Sim, sem sombra de dúvidas. Foi clara a diferença ano passado: sem tomar Ritalina durante o primeiro semestre eu fiquei de recuperação de matemática, minha primeira na vida. Já no segundo semestre, passei direto em todas as matérias com notas excelentes.

O segredo é colocar na balança, e mais que isso, saber analisar o resultado. Principalmente se você tiver 15 anos.

2 comentários:

  1. Por que tomar remédio? Eu jamais considerei essa possibilidade, não aceito deixar de ser "eu".

    ResponderExcluir
  2. Quando vc tem um trabalho competitivo não há desculpas e as vezes sem remédios seu rendimento fica muito abaixo do exigido, não é apenas questão de ser vc mesmo, mas sim do que a sociedade cobra que vc seja.

    ResponderExcluir